04 fev 16
outros bla bla blas
Experiência em uma feira de trocas
por Claudia

Escambo de materiais

As feiras baseadas em trocas estão voltando a pipocar pelas cidades. Já tinha ouvido falar das trocas de brinquedos, livros, vinis e roupas. Mas nesta semana participei de uma muito especial e com tema que muito me interessou. Achei que vocês iam gostar de saber mais sobre esta experiência, principalmente porque ela se chamava 1º Escambo de materiais para Artesanato. O encontro nasceu como um evento de Facebook e rapidinho viralizou. De repente, quase 2000 pessoas confirmaram presença na feira que rolaria no Parque da Água Branca. Pelo jeito, mais pessoas em SP têm a síndrome de comprar materiais e não usar – ou como dizia o convite, pessoas que sofrem do mal chamado “quero todas as cores de lã dessa loja” :-)

Escambo de materiais

Para quem nunca participou de um evento assim, o funcionamento é simples. Faça uma rapa nas suas coisas que estão paradas faz tempo sem uso – o momento é de desapego. No local, coloque um pano ou uma toalha no chão e exponha o que trouxe. Os outros convidados farão o mesmo.

Escambo de materiais

Para facilitar, você pode escrever em um papel na forma de itens o que trouxe e o que tem interesse de receber em troca. O evento começa e as pessoas circulam pelo local. Quando “der um match” entre tenho e quero, a troca pode começar!

Escambo de materiais

Flagra de um momento de troca: um bastidor de madeira por alguns metros de fita em ponto ajour.

E aí, vale ou não vale? Quem diz isso não somos nós que estamos do lado de fora… As trocas acontecem quando existe um acordo comum entre as partes. Se as duas pessoas ficam contentes, a troca acontece! Não é legal insistir e nem forçar a situação. Com educação e bom senso, a coisa flui!

Confesso que quando cheguei no parque, estava um pouco tensa. Será que tinha trazido as coisas certas? Era pouco ou muito? Alguém se interessaria? A experiência seria legal ou me estressaria?

Decidi ser mais low profile. Guardei o que trouxe na mochila dentro de um saco tipo zip transparente e circulei pelos participantes. Caminhei devagar, olhando o que cada um tinha trazido, o que escreviam no papel. Depois de ver tudo, voltei para o começo onde tinha visto algo que me interessava. E fiz minha primeira abordagem. Não sabia muito bem como começar, então eu simplesmente disse: “Gostei disso aqui. Tem alguma das minhas coisas que interessa a você?”. Mostrei meus materiais. A menina mexeu, analisou, pensou, escolheu uns carretéis e perguntou “posso trocar por isso?” . Eu topei e a primeira troca aconteceu!

Fiquei super feliz em conseguir algo que queria e seria útil por outra coisa que estava parada em casa, sem uso – mas que para a outra pessoa fazia todo sentido e completava a lista de materiais de um projeto por fazer! Que demais…

Me empolguei com essa equação. Conseguir algo que me interessava sem precisar pagar já é sensacional. Mas também curti muito ver a mesma emoção rolando na outra pessoa, do outro lado. As trocas não eram silenciosas, pelo contrário. Rolavam histórias de onde aqueles materiais tinham sido comprados, como foram usados, porque sobraram. A troca virava uma conversa. O valor numérico do bem perdia o sentido e surgia um envolvimento. Em nenhum momento senti uma pressão de desigualdade. No fundo, os dois lados ficavam satisfeitos em ver que suas coisas ganhariam utilidade e continuidade.

Um restinho de novelo de lã amarelo vai virar cabelo de boneca. Uma linha de crochê marrom que nunca usei vai ser usada por alguém experiente na técnica. As sobras de miçangas que pouco usei foram para uma menina que vendia colares e pulseiras. Outra ganhou uns potinhos de plástico vazios para guardar suas coisinhas. E assim o tempo foi passando…

Trocas triangulares também rolaram – essas são uma modalidade mais avançada haha! Foi assim: gostei dos novelos que uma moça tinha, mas ela não se interessou por nada do que eu trouxe. Minha amiga, que estava ao lado, ofereceu umas sianinhas. Ela curtiu e topou concretizar a troca. Então depois, eu ofereci algo do meu pacote para ela, que escolheu etiquetas de roupas. Troca feita, as três felizes!

Ou seja, o que vale é se ajudar. Tinham pessoas até doando materiais. Porque a ideia era fazer a energia circular. Não queriam voltar para casa com algo que já decidiram que não seria mais usado.

Outra coisa muito legal que acaba acontecendo naturalmente são trocas de experiências. Uma dica de como usar isso aqui, outra de como fazer aquilo ali. As conversas vão rolando, trocam-se contatos, Whatsapp, trocas já ficam combinadas para a próxima feira. Eu mesa já separei uns pedaços de bambu para uma garota, uns papeis de scrapbook para outra, e assim vai surgindo uma empolgação já para o próximo evento.

Escambo de materiais

A vibe estava ótima! Todo mundo entendeu o funcionamento e fez altas trocas, tudo na paz e sem brigas. Para a próxima vez, vou me inspirar nestas duas coisas que vi:

  • colocar minhas coisas em uma caixa. Desse jeito, ganho mobilidade – posso expor no chão ou passear mostrando o que tenho. E os materiais das trocas que concretizaram, guardar na mochila ou em uma sacola separada para não confundir.
  • levar algo para comer que possa ser compartilhado. Estas participantes, por exemplo, estavam oferecendo pedaços de bolo e sanduichinhos. Entre uma mordida e outra, engatamos uma conversa e descobrimos vários interesses em comum!
  • separar os materiais na véspera (não na última hora!). Vou também deixar uma caixa para ir juntando as coisas ao longo do mês para o próximo evento.

Escambo de materiais

A Natália Nogueira, uma das organizadoras, fez um ótimo trabalho antes, durante e depois do evento. Se você pensa em organizar algo parecido no seu bairro ou sua cidade, vale a pena se inspirar nas recomendações:

  • pense bem no tema – precisa ficar claro no título e descrição do evento. Neste caso, foram apenas materiais usados para fazer artesanato e manualidades, por exemplo tecidos, botões, lãs, linhas, revistas, papéis, miçangas, etc.
  • evento de troca não pode envolver dinheiro. As pessoas não devem levar produtos para venda!
  • sugira aos participantes levar papel e caneta para anotar os produtos que tem para trocar e os que tem interesse em receber. Uma etiqueta ou crachá de identificação é bom. Cartões de visitas para quem usa/tem também.
  • sacolas para juntar lixo e deixar o local limpo também não dá para esquecer!
  • sobras do evento,caso as pessoas não queiram levar de volta para casa, podem ser encaminhadas para doação de alguma instituição de caridade.

Escambo de materiais

No final, saldo mais do que positivo para mim! Não tirei foto dos itens que levei, mas estes são os que consegui arrematar e levar para casa. Dá para ver que eu garimpei materiais bem saudosistas, como as tintas de tecido Abaeté (quem lembra desse fecho de metal?), as fitas de cetim (parecem para sapatilha de balé!), os fios de rayon (acho que nem existem mais…) e a tabuada do Ronald (brinde quase pré-histórico do Mc Lanche Feliz). Tudo o que adoro!

Os organizadores pretendem repetir o evento uma vez por mês. O próximo já tem data marcada e acontecerá no dia 20 de fevereiro, no MIS – Museu da Imagem e do Som.

Para saber mais, acompanhe pela página do evento e do grupo:

Os comentários estão abertos para mais dicas sobre participação em feiras de trocas. E também para histórias de quem participou neste primeiro escambo handcraft.

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Veja também:

14 ZigZags
  1. Lan Succi disse:
    04 de fevereiro de 2016 às 10:38

    De volta aos primórdios da Humanidade. Quanto se poderia ajudar a preservar o planeta se houvesse escambo em vários setores, não é! Mas sei que é quase impossível voltar ao que já foi um dia. Outros tempos. Porém, saber que alguém/”alguéns” faz algo, já é uma boa notícia. Quem sabe um dia participo aí, mas gostei da ideia de promover um evento assim aqui em Bauru. Vou pensar. Bjinho pra vocês.

    Responder
    • Natalia Nogueira disse:
      04 de fevereiro de 2016 às 10:50

      Olá! Que bom que gostou! Tenho uma boa noticia para você. Sou de Bauru, moro em sp há 2 anos e organizei o escambo por aqui.
      A ideia é realizar o encontro em Bauru daqui uns meses. Então fique atenta na página do Escambo Handcraft!

      Beijo

      Responder
  2. 04 de fevereiro de 2016 às 10:53

    Muito legal! Queria muito ter participado, tenho tanta coisa que não uso e pode ser útil para alguém. Vou me programar para os próximos!

    Responder
  3. maria a manso disse:
    04 de fevereiro de 2016 às 11:45

    Fui ao escambo, fiz várias trocas, revi amigas, troquei experiências com novas amigas, a organização excelente, o dia estava lindo, enfim, um dia que só acrescentou na minha vida!!! Que chegue logo o próximo!!!

    Responder
  4. 04 de fevereiro de 2016 às 13:09

    Que bacana!
    Achei ideia sensacional.
    Espero que tenha aqui no ABCD, pois tenho alguns materiais que gostaria de trocar.
    Abraços!

    Responder
  5. 05 de fevereiro de 2016 às 11:54

    Fui ao evento para conhecer e saber como funciona.
    Adorei conhecer a Natalia Nogueira e conversamos um bucadinho; disse à ela o quanto achei interessante e útil a idéia desse evento e como isso faz com que as pessoas se aproximem umas das outras, a troca de informações, idéias e ajudas, novas amizades, muito, muito válido !!!
    E já estou separando muitas coisas para levar ao próximo, o qual espero poder participar.
    Abraços!

    Responder
  6. 05 de fevereiro de 2016 às 21:08

    Gostaria de participar no próximo dia 20. Como faço? Tenho algumas mercadorias tipo botões e viés que não pretendo usar, mas preciso de retalho de feltro para um novo trabalho.
    Atenciosamente,
    Andrea Tannenbaum

    Responder
    • Yara Lucas disse:
      12 de fevereiro de 2016 às 11:20

      Andrea Tannembaum, eu tenho feltro que não pretendo usar kkkk
      Não sei se vou conseguir ir dia 20 porque tenho filho pequeno, mas vou dar uma rapa nos feltros e te aviso :o)

      Responder
  7. Silvia Orchidea disse:
    06 de fevereiro de 2016 às 11:57

    Nossa!! É tão “civilizado” e ao mesmo tempo tão antigo…chega a emocionar.. Juro :-)
    Parabéns aos organizadores!! Tomara que chegue ao Rio de Janeiro!
    Abração
    S.O.
    Rio

    Responder
  8. Adriana disse:
    06 de fevereiro de 2016 às 19:00

    Muito legal, não pude ir neste mas ja separei alguns materiais para participar do próximo :), chega logo 20 de fevereioooo.

    Responder
  9. Hebe Sampaio disse:
    09 de fevereiro de 2016 às 23:11

    Vi a materia sobre esta feira de trocas em uma revista chamada casa linda.Ameiiiii.Moro em Campo Grande.MS.Gostaria q aqui tivesse uma feira assim.Parabéns a vcs.

    Responder
  10. elida helal disse:
    12 de fevereiro de 2016 às 14:35

    Eu estive no evento prestigiando foi muito, no proximo vou levar uma amiga que faz artesanato, agora no começo da matéria comentaram que tem troca vinil, livros etc alguém pode me informar aonde poço encontrar estas feiras de troca destes tipos de material, e espero que tenha novamente no parque da agua branca pois gostaria de participar

    Responder
  11. 14 de fevereiro de 2016 às 23:17

    Olá Cláudia, obrigada por fazer um link de meu Blog!!
    Já separei muitos materiais aqui e estou ansiosa pela próxima troca!
    Beijos

    Responder
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