Você sai do tricô mas o tricô não sai de você. No meu caso, já havia algum tempo que não tricotava mais. Seja por dores no punho ou minha rotina como mãe, me faltava reservar tempo para as agulhas. O último tricô mais sério foi um casaquinho para minha filha recém-nascida, três anos atrás. Mas eu tinha que mudar isso, a saudade dos aumentos e diminuições já estava batendo. Vinha procurando um projeto rápido e estimulante, que me fizesse voltar a curtir o tricô em todo o seu potencial. Será que ele existia? Eis que um dia uma amiga querida me lembrou do famoso Baby Surprise Jacket, uma receita que estava na milha lista de ‘projetos de tricô a fazer na vida’ eu eu tinha esquecido completamente. Um design clássico e atemporal, da mestra absoluta do tricô Elisabeth Zimmerman, de quem sou fã de carteirinha – recomendo muito os livros dela para quem topar o desafio de ler tricô em inglês. Os projetos são clássicos, de uma construção simples e genial. Já li o Knitting without tears e o Knitters Almanac. Os livros são meio prosa com receita, com jeitinho de livro antigo.
Mas provavelmente o projeto mis surpreendente que já fiz da Zimmerman é o tema deste post, o Baby Surprise Jacket.
Como o nome já diz, é um casaquinho ‘surpresa’, que você vai tricotando, tricotando como uma peça só, até arremataru m objeto meio disforme. Mas, ledo engano, uma dobra aqui e outra acolá, eis que surge o casaquinho de bebe mais fofo do mundo!
Este post não tem receita, apenas algumas dicas que podem ajudar quem quiser se aventurar neste projeto. E como notas a serem revisitadas por mim daqui a alguns anos.
Para um casaquinho de bebe tamanho P usei exatamente dois novelos de 50g de lã Sidney Cervinia, um amarelo e outro laranja). Foi a primeira vez que usei este fio, um ótimo custo beneficio e qualidade. Trata-se de um fio italiano 100% lã que é macio ao toque e desliza super bem na agulha. Comprei pessoalmente na Novelaria, mas tem online também.
Usei duas agulhas número 5 com o cabo de nylon flexível de 40 cm. São as agulhas de tricô circular, usadas separadas. O efeito é o mesmo da agulha reta, porém muito mais práticos de manusear.
O primeiro desafio é ler a receita. A receita que você compra aqui é SUPER detalhada, com muitas fotos e variações. Se por um lado isso é ótimo por outro, confunde bastante. Existe uma página com a receita original da E. Zimmerman e outra adaptada, carreira a carreira – mas só tem para um tamanho que não foi o escolhido por mim. Então, lá fui eu seguir a receita da Zimmerman, que é mais vaga (o estilo dela de escrever receitas daria um post a parte). Quando ficava perdida, ia conferir a página da receita carreira a carreira. No final usei um misto das duas e mesmo assim apanhei um pouco.
Sugiro estudar bem a receita decidir qual o tamanho e modelo e traçar um plano antes de começar a tricotar.
A parte mais complicada para mim foi posicionar as diminuições que dobradas, irão formar os tubos das mangas. Desmanchei seis vezes, no mínimo. O segredo era colocar o marcador FIXO no ponto DO MEIO do grupo três pontos nos quais serão trabalhadas as diminuições. Demorei um bom tempo para descobrir isso pois as pontas começavam a ficar diferentes de cada lado.
Depois que acertei isso, o projeto deslanchou. O mais impressionante é a transformação de uma peça meio esquisita e cheia de pontas em um casaquinho. Fiz um video da transformação:
As únicas costuras que devem ser feitas são na parte superior das mangas – repare que ainda estão abertas no video.
Esta marca diagonal são os aumentos que, dobrados estrategicamente formam a manga. Elas ficam posicionadas no verso do casaquinho. Achei bem difícil visualizar quando tricotava, mas ao dobrar tudo fez sentido.
As laçadas que formam as cinco casas de botões estão indicadas na receita original dos dois lados. Não entendi até agora necessidade de casas dos dois lados então transgredi e fiz apenas de um lado #rebelde.
Não é uma construção genial? Gostei muito de trabalhar com duas cores e confesso que o posicionamento da listra e troca de cores foi meio no chutômetro.
Éu sou fã deste tipo de construção, sem emendas, e feitos em uma peça só. A maioria dos designs da E. Zimmerman são assim, inteligentes. Ela já pensava em otimizar a vida em 1965, ano em que criou este casaquinho. E colocou na receita original MUITAS variações, a mesma peça com gola, com capuz e até para adultos – confesso que o modelo não me agrada tanto para adultos mas para crianças é só amor.
Se gostei de fazer? Amei. Tanto que já encomendei lã para a minha segunda Baby Surprise! Admito que estou meio viciada. E ao mesmo tempo muito feliz por ter terminado este projeto e empolgada para voltar de vez para o tricô – minha primeira paixão no mundo craft.
E vocês o que andam tricotando? Se animaram a tricotar um casaquinho surpresa?