Faz um tempão que estou querendo passar a vocês esse pap, peço desculpas! Ensinei a técnica do matelassê mas fiquei devendo um pap sobre como utilizá-lo numa peca. Um pecado craft mortal que corrijo aqui, agora!
Caso não tenha aprendido o matelassê, sugiro que dê uma lida neste post. É possível confeccionar a luva sem fazê-lo, mas acho que ele dá um charme especial na peça. Vamos começar?

Separe os materiais:
– Uma tesoura para tecido e outra para papel – vide post sobre tesouras;
– Linha de costura e agulha para máquina nº 14 (comum);
– Se você tiver, use o walking foot (pé de máquina especial para quilt), se não, substitua pelo pé de zíper, pois iremos costurar muitas camadas de tecido de uma vez: dica preciosa da Lia!
– Alfinetes ou agulha e linha para alinhavar;
– Viés;
– Tecidos para o forro e luva, manta térmica*(todos com o tamanho do seu molde + folgas de 4 a 5 cm de cada lado, para fazer o matelassê);
– Papel kraft ou molde para luva**;
– Régua, lápis, borracha e canetinhas e
– Agulha de tricô ou caneta bic com tampa.

1) Posicione a sua mão no papel kraft, com o polegar fazendo um ângulo de 45 graus. Risque o contorno dos seus dedos. Una os espaços vazios entre os dedos e atenue a curva entre o começo do braço e o punho. Com outra cor de canetinha e ajuda da régua, trace o formato da luva, deixando 1cm para a costura e de 3 a 4 cm de folga extra.

2) Vê como deixei bastante folga no meu molde? E ainda assim, quase que minha mão não consegue entrar depois de costurada. Sem contar que só eu posso utilizá-la, já que ficou do tamanho exato da minha mão. Faça o matelassê no sanduíche (tecido + manta + forro). Risque o molde no matelassê pronto e recorte duas vezes. Lembre-se de que um lado será o oposto do outro.

3) Costure o viés nas bases da luva. Aqui dá pra usar uma técnica bastante comum no patchwork, chamada “costura no vale”, ou em inglês “stitch in the ditch“. Ela dá um acabamento muito limpo no lado direito, parecendo que a peça está presa sem costura. Faça assim:

a) Coloque o viés aberto na extremidade da luva com alfinetes e costure na dobrinha da abertura.
b) Abra o viés para e passe.
c) Vire o viés para o avesso, para que fique alguns milímetros maior que a linha que acabou de ser costurada. Prenda com alfinetes e passe, se quiser.
d) Costure no “vale” que se forma entre a união dos dois tecidos, afastando com as mãos para visualizar melhor o local exato onde a costura deverá ir. Uma dica agora é ir bem devagar com a máquina de costura ou até mesmo não usar o pedal, girando o volante com as mãos até pegar prática.

4) Quer colocar uma alça para pendurar a luva? Pegue uma tira de viés de uns 10 a 15 cm e dobre-a ao meio no sentido do comprimento. Costure. Faça um anel com a tira e posicione entre os “direitos” da luva. Alfinete tanto a alça quanto a luva inteira e costure em toda a volta. Repare como ficou discreto o acabamento do viés com a costura no vale!

Finalize a luva como quiser, fazendo um chuleado, colocando viés ou não faça nada.
A maioria das luvas industrializadas não têm acabamento nenhum, só a costura interna é reforçada. E falando em reforço, faça o retrocesso no início, no final e na junção entre os dedos e o polegar. Essas regiões sofrem mais desgaste com o uso.

5) Faça um pique bem profundo, quase chegando na linha da costura, para o movimento dos dedos. Cuidado para não cortar demais! Com a ajuda da agulha de tricô ou caneta bic, revire a luva pressionando bem os cantinhos e está pronta!

*Sobre a manta: Existem vários tipos, o pessoal do patchwork que o diga! Costumo utilizar três: acrílica, de algodão e térmica. Eu prefiro a térmica no caso da luva, pois é mais fina, densa e resiste bem ao calor. Aí tenho liberdade total na escolha dos tecidos, pois sei que a manta vai agüentar o tranco. A acrílica é a mais comum de se achar e é baratinha. O ponto negativo é que derrete em altas temperaturas, podendo queimar sua mão. Use-a para a luva só se for bem grossa e o tecido também, como um brim ou até aquele prateado resistente ao calor. A de algodão é super-fofa e vem em larguras grandes. Não derrete com o calor e é ótima para mantas de bebê por esquentarem bem e serem antialérgicas. O problema é justamente esse, esquenta a mão, outra coisa que não queremos em uma luva cuja função é protegê-la do calor!

**Sobre moldes: É possível ter um molde para luva de três maneiras: usar um já pronto; copiar aquela luva velhinha e gasta que você tem em casa ou fazer uma “anatômica”, do seu jeito! Adoro a terceira opção, pois dá pra brincar bastante, porém tem seus segredinhos.