30 nov 10
fashion
Como esconder uma marca?
por Claudia

Marca a mostra

Isso já aconteceu com vocês? Comprar uma roupa e detestar muito um detalhe pequeno. Comigo acontece muito – e o pior é que quem me acompanha não entende a minha encanação. Mas como sou adepta das customizações, na maioria das vezes eu levo a roupa já pensando em como eliminar, esconder ou fazer modificações naquele “pequeno” mas chamativo detalhe.

Vejam por exemplo esta camiseta cinza. Eu estava doida atrás de uma camiseta dessa cor, com esse tipo de algodão. Quando achei fiquei realizada. O problema é que tinha esse mini-logo estampado no peito – apesar de que teoricamente era super discreto. E quando eu provei a blusa tinha a impressão que todo mundo iria reparar nele. Mas como estava difícil de achar, eu levei mesmo assim. Sabia que em casa eu daria um jeito.

Apliques 4 opções

Abri minha super caixinha de costura a procura de bordados, fitas e outros detalhes que poderiam servir de aplique para esconder o desenho. Vejam como ficaram as minhas simulações. Eu testei:
. uma renda de lycra em formato de coração; cortei os excessos e só deixei o “miolo”
. uma flor de renda de algodão; deixei só a flor – tirei o “pingente”
. um rebite com pedrinhas, de frente
. o mesmo rebite, mas virado no verso

Achei que a ideia do coração era boa, mas o acabamento deixaria a desejar. A flor ficou chamativa demais, então acabei ficando com a pecinha de metal. O que vocês acham?

Camiseta cinza, final!

DETALHE: costurei o aplique com uma linha de seda, bem fininha, quase invisível, para que ficasse bem discreto. Alguém sabe se esse tipo de linha ainda existe para vender? Esse daí veio de brinde em uma latinha de costura que eu arrematei em uma feira de antiguidades.

O legal dessa ideia é que ela também serve para esconder manchinhas indesejáveis (gordura, caneta, cândida, etc.) e furinhos ou pequenos defeitos.

Queremos saber o que vocês fazem nesses casos. Mais alguém com mania de customização aguda?

26 nov 10
craft tour
Direto do Japão: Yuzawaya
por Andrea

caixa

A ideia do post de hoje é mostrar como é por dentro de uma mega loja de materiais lá no Japão. A escolhida foi a Yuzawaya. É a melhor delas, na minha opinião. Eu já tive a felicidade de visitar esta loja no ano passado mas não consegui tirar fotos naquela ocasião. Este ano resolvi voltar lá com uma missão e munida da câmera.

Eu acho a Yuzawaya a melhor loja de crafts por dois motivos: variedade (eles têm tudo que vocês possam imaginar, tudo mesmo, e pra qualquer técnica) e uma super organização. Sim, porque já visitei outras lojas no Japão que vendiam praticamente as mesmas coisas mas não eram tão organizadas e isso, vocês sabem,  faz uma baita diferença na hora da compra. Aliás, há um ano atrás até a Yuzawaya era meio zoneada, mas para minha feliz surpresa este ano eles mudaram de endereço. Estão agora ocupando dois andares de uma loja de departamentos bem lindona  – no final do post dou as coordenadas sobre como chegar lá.

Bom, vou começar mostrando o logo da loja: uma ovelhinha tricotando. Fofa, né ? Mas é claro que o estoque da loja não se limita à material de tricô. Tem de tudo. Lembra do Charlie quando pisou na fábrica de chocolate ? Eu na Yuzawaya foi a mesma coisa, mas sem ompalompas.   Vem comigo ver:

fabrics-japan

Lá eles vendem absolutamente todo tipo de tecido imaginável. Sabe um lugar onde você vai e já encontra tudo ? A Yuzawaya  é este lugar.  Aqui no Brasil a gente fica percorrendo lojas e lojas porque uma é boa pra isso,  outra é boa pra aquilo e, nessa brincadeira já se foi a manhã toda. Lá é tudo ao mesmo tempo agora. O preço ? Acho bem justo. Mas não uma loja tipicamente baratinha e não tem ‘baciada’. Se estiver a fim de garimpar e achar pechinchas têxteis, recomendo ir pra Nippori, que já apareceu por aqui no ano passado.

O destaque  na Yuzawaya vai para os tecidos de fibras naturais – algodão bem macio, linho –  favoritos das japonesas que costuram em casa. Lá loja achei uma boa variedade de tecidos Nani Iro, um algodão tipo gaze dupla, com estampas exclusivas e chiques, que parecem uma aquarela. E com uma textura que faz toda diferença, dá um caimento ótimo, sem aquele aspecto de  roupa dura.  Eles também têm um estoque pequeno porém bacana, de tecido de algodão da Liberty. Com precinhos dignos de Liberty, diga-se de passagem.

maquina

Achei bacana isso de expor em manequins  com roupas feitas com os tecidos a venda. Ou seja, você compra o tecido e já sai com uma ideia do que fazer com ele. Eles vendem os moldes prontos também,  se quiser já dá para levar tudo mastigado.  Estes aí são vestidinhos infantis feito com tecido tipo  ‘gaze dupla’. Reparem no corte do tecido que usaram para fazer o segundo vestido, ele é posicionado assim para valorizar a estampa.

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Vou bater na mesma tecla porque é uma tendência muito forte  por lá … muita fibra natural, não só em tecidos como também em linhas para tricô e crochê.  Aí você me diz que a também temos linha de algodão aqui, Cléa , Anne, Mercer… Claro que temos, mas a diferença está na variedade de expessuras, no toque macio e  extensa na gama de cores disponíveis. Também achei a venda sacos com fibra de algodão orgânico para enchimento de bonecos, achei bem luxo.

E por falar na valorização do algodão, a Oficina de Estilo fez um post bacana hoje,  baseado em matéria do New Your Times falando desta tendência no mundo moda –  “Algodão é material de Luxo, sim”. Será que pega  também no mundo dos crafts ?

maquina

Gente, uma máquina amarela, é uma máquina amarela. Eu bati o olho nela, ela bateu o olho em mim e eu tive que fotografá-la. Sem maiores explicações, hehe. Ah, se vocês estiverem curiosas, o preço dela é mais ou menos 970 dólares. Façam as contas.

hamanaka-felt-japan

Feltragem com agulha é ‘big in japan’ ! Achei muitos destes kits que já vem com a quantidade certa de lã e agulhas para se fazer o projeto. Bacana pra quem quer experimentar a técnica e não quer investir em um monte de material logo de cara. Você compra um kit deste e experimenta fazer, vê se curte ou não. Se quiser se continuar compra mais lã para fazer outras coisas mas se não quiser, pelo menos voce terá um pingente de celular foto, feito por você.

A Yuzawaya também tem corredores e corredores de lã para tricô e crochê , material pra scrapbooking, kits de patchwork e toda a parafernália craft que a gente adora.  E tudo isso em muita quantidade, qualidade e variedade.  Sério gente, saí da loja meio zonza, afinal quem nunca comeu melado quando come se lambuza :P.

Coloquei algumas fotos extras aqui, pra quem se interessar em ver mais.

yuzawaya-metro-japan

E agora, para quem estiver ou for a Tóquio e quiser ir visitar a  Yuzawaya. Andar em Tóquio não é a coisa mais fácil do mundo, especialmente para quem não fala  japonês. Deu trabalho para eu conseguir achar a loja. Explico. Eles mudaram de endereço recentemente. Continuam no mesmo bairro, mas em outro lugar. E eu, que desci na estação de trem com o endereço antigo em mãos, dei com a cara na porta. Rodei, rodei e nada de achar . Resolvi perguntar para um funcionário do metrô, que me indicou a saída mais próxima e mandou seguir em frente até achar a loja Marui. Fiz o indicado até que cheguei numa loja gigante, de vários andares chamada OIOI. Gente, deduzi que OIOI  = Marui  (O = maru  + I X2). Meu japonês não é bom, mas deduzi isso.

Então vamos lá, para chegar na Yuzawaya: tome o trem JR  (Linha Chuo ou Sobu) e desca na estação Kichijoji. Na saída da estação, vire à direira e logo em seguida vire a esquerda, entrando numa rua pedestrianizada. Você logo vai ver o prédio enorme da Marui, com o letreiro OIOI. Chegou!  A Yuzawaya fica no 7o e 8o andar.

Ah, a Marui e a Yuzawaya só abrem as 10h30, mas em compensação, abrem aos domingos. Se programa e vai, vale muito a pena.

Depois das compras, explore a área e  passe pelo Parque Inokashira,  que é lindo e fica pertinho. E, super dica, na bem frente da Marui tem uma padaria que vende doces ótimos e com precinhos bem amigos. Para repor as energias pós compras!

25 nov 10
outros bla bla blastricô e crochê
Lições de música – aplicadas aos crafts
por Claudia

Shekoyokh em Londres
Banda Shekoyokh tocando no mercado de flores de Columbia Road em Londres

Faz um tempo participei de um workshop de instrumentos de sopro (flauta, clarinete e sax) na escola de música onde eu estudava. O objetivo era reciclar conhecimento, aprender um pouco mais de instrumentos correlatos e, no fim do dia, até arriscar uma jam session com outros alunos. Como minha flauta anda parada há uns bons 2 anos, esta última parte até me deu um frio na barriga – estava mais interessada na parte de ouvir o que os convidados da escola tinham a contar.

O primeiro deles era o Ivan Meyer, irmão do meu professor. Ele começou contando um resumo de sua vida, desde criança quando era um mau aluno, passando pela adolescência quando a música entrou de vez em sua vida, até os dias de hoje. Ele aproveitou essa experiência para falar sobre aprendizado, esforço, dom e vontade.

Apesar do fio condutor ser música, eu não conseguia evitar fazer um paralelo com as asrtes manuais. Principalmente porque essa palestra aconteceu bem na época em que eu estava aprendendo a fazer tricô com os vídeos que a Andrea disponibilizou aqui no Superziper.

Ele falava de sopro e de leitura de partitura; eu lembrava do jeito de enrolar a lã nos dedos e de como contar os pontos tricotados. Antes que eu me perdesse nos pensamentos, tirei rapidamente meu caderninho da bolsa e anotei várias coisas legais. São 5 lições de música que gostaria de compartilhar com vocês – acho que tem tudo a ver com crafts também!

TEMA 1: dom X talento X vocação
Na música sempre aparece alguém que diz “aaah, mas eu não tenho (ou não nasci com) esse dom…”. Segundo a lógica dele, há salvação. Ele explicou que o dom realmente é algo divino, que nasce junto com a pessoa. Já o talento é fruto de trabalho, enquanto que a vocação é a força de vontade. A melhor combinação que pode existir é quando os três estão em sintonia. Lembrem de pessoas e vocês vão achar exemplos de gente que tem o dom, mas não tem vontade de explorá-lo. Ou de quem tem vontade mas não quer investir talento (trabalho). A boa notícia é que com vontade e talento dá para compensar a falta de dom! Ou seja, muito esforço mental e físico!

Minha lição: vou insistir no tricô. Mesmo tendo aprendido a técnica com bem mais de 30 anos, ainda tenho esperanças. Quero muito avançar nas lições para um dia fazer a blusa das corujinhas!

TEMA 2: repetição
Quando você aprende uma coisa nova, o cérebro ainda está aprendendo a formar o caminho deste aprendizado. Quanto mais você repete, mais você exercita a sua memória muscular para aquela atividade. Ensine seu cérebro a formar uma imagem mental daquela atividade, deixe que ele capte o ritmo, associe com algum “mantra”. Com muito esforço e repetição, você vai se sentir cada vez mais confortável. Comparando com o karatê, os alunos aprendem o movimento praticamente em câmera lenta. Assim eles podem memorizar. No começo, as coisas precisam ser visualizadas lentamente, até o cérebro absorver. Mas depois que aprendeu, você consegue fazer mais rápido.

Minha lição: tricotar muito muito muito. Vou saber que aprendi no dia em que eu consiga assistir TV tricotando ;-)

TEMA 3: escolha os instrumentos
Tem guitarrista que gosta de usar as cordas “duras”. Tem outros que preferem as mais leves. No sax, tem gente que prefere as molas soltas, ou leves, ou duras. Não tem certo ou errado. Cada um deve usar o  que funciona melhor para a sua sensibilidade. Depende da mão da pessoa,  do jeito de dedilhar,  do jeito de soprar….. Para descobrir, só testanto os extremos e ir percebendo o que funciona melhor pra você.

Minha lição: já testei agulhas grossas e também as mais finas. Por enquanto só usei das de plástico. Na próxima edição do PicKnit vou pedir emprestado para testar as circulares de metal e também as de bambu. Vai que alguma delas funciona melhor comigo!

TEMA 4: simplifique
O começo do aprendizado pode ser muito confuso para a cabeça. É tanta informação que você não sabe o que fazer primeiro – muita coisa para controlar ao mesmo tempo. Quem aprende a tocar flauta, por exemplo, tem que estar atento para a forma de soprar, o formato dos lábios, a pressão do ar, o jeito de dedilhar as teclas, a posição dos braços – isso sem falar na leitura da partitura e no ritmo da música. É tanta coisa que pode gerar ansiedade. E isso pode levar a um bloqueio, nada dá  certo, a pessoa se irrita e ….desiste! Que tal então isolar as tarefas? Muitos músicos treinam só o dedilhado ou só o sopro. Se uma pessoa que toca flauta não quer incomodar os vizinhos de noite, ela pode aproveitar para treinar só o movimento dos dedos, sem soprar. É um jeito de ajudar o cérebro a se sentir confortável com essa etapa.

Minha lição: antes de partir para a blusa das corujas, vou fazer muitos quadrados de tricô, treinando vários tipos de pontos isoladamente. Quando eu estiver a vontade com eles, atacarei projetos mais complicados. Antes da blusa, que pelo menos eu consiga fazer o chaveirinho de corujas!

TEMA 5: o que NÃO estudar
As vezes tem gente que estuda música de 4 a 5 horas e não melhora. Continua tocando muito mal. Daí essa pessoa sai de férias por um mês, esquece o instrumento, e quando volta para ensaiar é outro som, tudo melhora. Como explicar isso? Pode acontecer de essa pessoa ter aprendido o erro e gastar toda essa quantidade de horas diárias reforçando o erro. Quando a pessoa pára, o cérebro se esquece desse condicionamento e a pessoa pode voltar mais relaxada e acertar o jeito. Por isso que é importante ter alguém com quem dividir a técnica, participar de workshops e encontros, falar com pessoas, ver como os outros fazem, aprendem e ensaiam. As vezes essa troca de experiências cara a cara abre novos caminhos. Aconselho.

Minha lição: quando eu copiava as etapas do tricô nos vídeos, estava tão tensa querendo conseguir fazer um ponto que nem reparei que eu estava fazendo o movimento espelhado no ponto meia – eu passava a lã totalmente ao contrário. Quando encontrei a Andrea pessoalmente, aproveitei para tirar dúvidas e no meio do papo ela reparou que eu estava fazendo o movimento errado. Mas eu não tinha percebido porque do meu jeito as coisas funcionavam – até fiz um postal de tricô desse jeito! O problema é que desse jeito, eu teria problemas quando começasse a misturar o ponto meia com outros tipos de pontos. Ela me corrigiu, devagar eu decorei o novo jeito e agora eu tricoto do jeito certo.

Espero que esses ensinamentos possam ser úteis pra quem passa por aqui, independente de qual é a técnica que cada um pratica. E ainda pode servir de incentivo para quem duvida que um dia pode vir a costurar, tricotar, crochetar ……ou se empenhar em aprender qualquer outra forma de criação!