27 out 14
craft tour
Visita à Mini Makers Faire
por Claudia

Mini Makers Faire

Logo no começo da internet, eu sempre acompanhava dois sites americanos, o Makezine e o Craftzine. Como o próprio nome diz, eram focados em coisas para fazer, técnicas, ideias, projetos. O tempo passou, os dois cresceram e viraram revistas (parênteses: eles deram uma reestruturada e hoje apenas a Make existe, a de crafts acabou morrendo e foi incorporada como seção, tanto do site como da revista). E não só eles cresceram como a comunidade também – foram aparecendo mais pessoas interessadas em criar e fazer. E eles começaram a organizar eventos, feiras, conferências, acampamentos! Eu via as fotos no Flickr e morria de vontade de participar, mas achava que era um universo muito distante.

Eis que agora neste segundo semestre de 2014 vim para San Francisco, nos EUA, e descobri ao acaso que haveria uma Mini Maker Fair aqui perto, na cidade de Oakland. Minha chance, tinha que aproveitar! Não só fui, como registrei o que pude – deixo meu relato aqui no post. Também já aviso para ficar de olho nos sites deles porque o movimento está se espalhando. Vão organizar uma feira em Oslo, Hong Kong, Tóquio. As mini makers, que são eventos de menor porte, estão em várias cidades dos EUA. Enfim, a boa notícia é que não é algo restrito a Nova York e San Francisco.

Bom, vamos à feira. Aconteceu em um domingo, das 10 às 5 da tarde, em uma escola em Oakland, que fica pertinho de San Francisco. O evento era pago (18 dólares antecipado ou 20 na porta) e consegui chegar de metrô. No caminho da estação até o local, conheci uma menina que já tinha ido no evento anterior. Aproveitei e fui perguntando várias coisas para me preparar. E surpresa: mesmo para ela, americana, a versão Mini já era de tirar o fôlego.

Eu resumiria da seguinte forma: a feira é uma mistura de feira de ciências com parque de diversões, uma pitada de laboratório, um punhado de oficinas, um quê de Art Attack, maluquices e invencionices. Ou pensando em personagens… um evento criado por um time de pessoas como o professor Pardal, Daniel Azulay e professor Parapopó, algo assim.

Para ter uma noção do evento, este é o mapa da edição que visitei. Aqui um PDF com detalhes das atrações e palestras.

 

 

Mini Makers Faire

 

Confesso que fiquei um pouco assustada com o tamanho da oferta. Muita coisa legal para ver em pouco tempo! Então me organizei minimamente da seguinte forma: escolhi duas palestras que me interessavam e anotei o horário. Marquei com asterisco as “barracas” que fazia questão de parar por mais tempo. E deixei o resto do tempo livre pra andar aleatoriamente, vendo de tudo um pouco. Até que funcionou :)

O que no mapa eles chamam de “big stuff”, eram instalações, esculturas e montagens artísticas como essas: o Nautilus, um submarino inspirado no de 20.000 léguas submarinas de Julio Verne e o Ursus Redivivus, montado a partir de peças de uma escada rolante desativada.

makers-esculturas

O espaço da escola era bem grande, com jardins e muitas áreas abertas. No prédio principal, eles organizaram algumas palestras e outras atividades em salas menores.

Mini Makers Faire

Assisti “The Importance of Junk” e “Getting Started with RaspberryPi”. Na primeira, me senti em casa em um auditório cheio de pessoas interessadas em reaproveitar e transformar, um papo muito bom. Na foto, a palavra ‘FUN’ que aparece no telão foi feita com peças em neón desativadas. A outra palestra era bem mais geek e o palestrante ensinou o básico e os primeiros passos para se trabalhar e inventar com uma placa RaspberryPi, praticamente um mini computador. É que eu ganhei um e preciso de ideias do que fazer, veio na hora certa!

Mini Makers Faire

Do lado de fora, todo tipo de atividade criativa estava rolando. Para quem queria apenas observar (por exemplo, este grupo de música) ou também por a mão na massa. A maioria das atividades eram para crianças e adolescentes, mas os adultos também participavam na boa.

Mini Makers Faire

Uma das coisas que eu achei mais interessante foram as oficinas de costura e de conserto. As pessoas foram avisadas para levar roupas e peças de tecido que gostariam de modificar, customizar e doar – o pessoal do Swap-o-Rama-Rama ajudaria. E também equipamentos eletrônicos que pudessem ser arrumados – o pessoal do Fix It Clinic também estava lá para ajudar. Demais, não?

makers-swaporamarama

As roupas que o pessoal trouxe ficavam em mesas e caixas, organizadas por grupos. Era só pegar o que você via potencial e entrar na salinha da costura. Nem preciso dizer que depois que achei isso, foi difícil de sair… Me encontrei e fiquei um tempão criando, vendo o que os outros faziam, dando pitacos.

Mini Makers Faire

Do lado de fora, uma das atividades mais concorridas era a oficina foguetes! As crianças faziam seus próprios artefatos usando papel e fita crepe, seguindo as instruções dos cartazes. E depois podiam ver seu foguete disparado para o céu neste espaço reservado para lançamentos. Alguns voavam bem alto. E depois as crianças corriam para tentar pegar quando caiam. Uma bagunça muito divertida!

Mini Makers Faire

E em outro extremo, havia muita, mas muita, coisa tecnológica. Impressora 3D aqui já é arroz com feijão. Tinha criança de 8a série imprimindo brinquedo e bolando projetos. Nesta sala, vi robôs, protótipos, programas de computador. As crianças desta nova geração são avançadas que me senti uma tiazona, haha. Mas fiquei muito feliz e orgulhosa, mesmo sem conhecê-las. Eu parava nos stands e eles me explicavam tudo que tinham feito e desenvolvido, muito legal!

Mini Makers Faire

O legal deste evento é fazer. E cada um vai descobrir na prática qual forma se sente melhor para externar sua criatividade, seja tecnológica ou manual. E com projetos simples e fáceis, para todo mundo participar desde os mais novinhos, sem aquele bloqueio de “não está bonito” ou “não sei nem como começar”. Os carrinhos Nerdy Derby pra mim são o melhor exemplo. O objetivo era fazer um carrinho de corrida de madeira. As peças da estrutura estavam organizadas por estações numeradas. Primeiro a base de madeira, depois parafusar as rodas, depois os acessórios, os enfeites. Depois de feito, as crianças subiam nesta estrutura da foto – que era tipo de escorregador com pistas – para soltarem seus carrinhos ladeira abaixo e competir para ver qual deles chegaria mais rápido. Lá em cima, um garoto que fazia o papel de mestre de cerimônias, apresentava as equipes falando no microfone. E logo embaixo, dois juízes ficavam de olho na linha de chegada e anunciavam o vencedor de cada partida. Muito divertido!

Mini Makers Faire

Continuei andando pelo local e ia descobrindo mais atividades. Este era um carro coberto com placas e pecinhas de Lego.

makers-carro-lego

Outras coisas que tinha por lá mas não fotografei: oficina de solda, estamparia, seed bombs (“bombas” de sementes, uma ideia de guerilla art), robótica, cerâmica, etc.

E se você não ia até a atração, muitas vezes elas vinham até você. Cruzei com essa bike-carro enfeitada com a cara do cachorro voador do filme História sem Fim. E depois com um calhambeque futurístico. Ou seja, imaginação a mil!

makers-invencoes

Como era um evento longo, havia também espaço com comidas, food trucks, doces e salgados. E áreas verdes para sentar, descançar e bambolear :)

Mini Makers Faire

E um clássico dos americanos: a barraquinha de limonada! Neste caso, eles vendiam a bebida e também cookies para ajudar a conseguir fundos para uma viagem de classe.

Mini Makers Faire

Fiquei até o final e aproveitei cada minuto. Ao longo do dia, vendo tantas crianças e famílias, fiquei me perguntando qual vai ser o impacto de uma geração criada desta forma, estimulada a criar e inventar, com tantos recursos e também apoio. Gostei da forma como o evento foi organizado e de ver tantas mensagens de inclusão, de que criar é para todos. Muito positivo, foi um domingo especial.

Mini Makers Faire

Ah… e como falei, vale a pena ficar de olho no site da Makezine. Pelo jeito este evento está crescendo e há mini makers sendo organizadas em todos os lugares. Olha lá, dia 8 de novembro em Miami.

Mini Makers Faire

5 ZigZags
  1. 27 de outubro de 2014 às 21:40

    Que demais! Além de ser na Califa, um estado americano que ganhou meu coração, a feira parece ser um lugar fantástico para ir com toda a família… me deu vontade demais de ir! Adorei o post detalhado. Parabéns, como sempre, vcs são demais! :)

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  2. Andrea disse:
    28 de outubro de 2014 às 08:17

    Olá Claudia, que máximo essa feira! Achei bacana essa interação da família, todos criando e principalmente brincando juntos! Quem sabe um dia veremos algo do tipo aqui no Brasil…não custa sonhar! Beijos

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  3. Lan Succi disse:
    29 de outubro de 2014 às 00:15

    Olá Claudia, achei muito legal tudo. Era o tipo de passeio que meu pai gostava de fazer comigo e meus irmãos quando pequenos. Exposições, e tudo o que nos trouxesse conhecimento novo. Nunca me esqueço quando ele me levou à Expoex, no Ibirapuera, lá pelo início dos anos 70. Vale a pena sai da frente da TV, do computador, do shopping e aproveitar ar livre, diversão, experimentar coisas novas,aprender…está faltando programas deste tipo por aqui. Bjinho
    Lan Succi

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  4. 26 de novembro de 2014 às 16:42

    Claudia, todo ano eu vou na versão grande, a Maker Faire em San Mateo, porque meu marido adora, vai nas palestras e tals. não sabia que tinha uma versão mini. este ano achei que a fair cresceu muito e já esta ficando muito comercial. mas mesmo assim tem muita coisa legal, a gente acha que nao vai conseguir ver tudo e acho que nao ve mesmo. mas é muito legal! um beijo :-*

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    • Claudia disse:
      05 de março de 2015 às 23:53

      Oi Fezoca, respondendo com meses de atraso! Nem consigo imaginar o que é uma versão grande, penso que seria menos “infantil” do que essa. Muito bom porder frequentar. E a Tech Shop, já ouviu falar? Tem algumas na Califórnia. Não tive tempo, mas conheci gente que foi e gamou! http://www.techshop.ws/locations.html

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