06 maio 16
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Organizando tecidos com Marie Kondo
por Andrea

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Finalmente, voltei. Como podem perceber, estou conseguindo aparecer por aqui bem menos que gostaria. Depois do nascimento da minha filha, a rotina aqui em casa mudou bastante e sobra bem pouco tempo para postagens. Claro que continuo fazendo meus crafts mas tento priorizar projetos simples que não me tomem tanto tempo. A prioridade atualmente é cuidar da filhota que já está quase andando, naquela fase de mexer em tudo com uma atração especial para coisas cortantes e pontiagudas – e corre para esconder as tesouras e tomar cuidado para não esquecer alfinetes e coisas pequenas caídas no chão. Uma casa craft à prova de bebês daria assunto para um próximo post, hehehe.

Mas mesmo com o tempo escasso, ideias não faltam. Mas precisava, antes de tudo colocar ordem na casa – quem tem bebê sabe o caos que impera no primeiro ano. Um das resoluções que fiz este ano foi organizar minha casa de acordo com o método  Mari Kondo –  uma guru da arrumação japonesa, obcecada por organização desde que era adolescente. Lançou um livro que virou best seller mundial – A Magia da Arrumação. Logo que foi lançado não liguei muito, achei que poderia ser apenas mais um modismo, depois dei uma chance e adorei. É um leitura simples, objetiva com dicas práticas ótimas. No entanto colocar todos os ensinamentos em prática, é um desafio. Segundo Konmari o ambiente da casa influencia diretamente na sua mente e pensamentos. Portanto, para ter boas ideias e deixar fluir as energias é preciso morar em um ambiente organizado. Até ai todo mundo concorda, certo? Mas segundo Konmari devemos ser radicais na aplicação do método, para a organização realmente funcionar e ser duradoura.

Eu virei discípula de Konmari e apliquei o método na minha casa toda, inclusive no meu ateliê que, depois que minha filha nasceu ficou renegado a um canto da minha sala. Deixei meu estoque de tecidos por último porque queria registrar aqui para mostrar para vocês como fiz a organização.

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Este era o estado de uma das minhas caixas de tecidos antes da arrumação. Eram duas, ambas cheias. Não preciso nem dizer que era difícil achar alguma coisa por aqui. Muitas vezes comprei tecido que já tinha por pura falta de organização – eu não sabia o que eu possuía.

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O método que usei os tecidos são uma adaptação das dicas sobre como arrumar camisetas. Obviamente não havia dicas especificas para quem tem ateliê em casa. Enumerei o que fiz em 10 passos:

1. Coloquei uma roupa legal. O momento da arrumação é um rito, deve ser especial, nada de arrumar sua casa de pijama.

2. Arrumei tudo de uma vez, sem parcelar. Joguei todos os tecidos numa mesa ou no chão mesmo, para conseguir visualizar tudo o que tinha.

3. Descartei primeiro! Isso é super importante. Não adianta simplesmente organizar, o segredo é diminuir o volume de coisas que você tem. Ela diz que você deve segurar cada uma das peças, olhar bem para ela e se ela não traz alegria deve ir embora. Fiz uma pilha de tecidos que não queria mais guardar. Doei, troquei, vendi, fiz escambo, passei para a frente tudo o que não me trazia alegria. Reduzi meu estoque a metade #yesyoucan.

4. Reduzi duas caixas  de tecido para penas uma. Não compre mais caixas e recipientes especiais. Isso é um desculpa para acumular mais coisas. Use que já tem em casa. 5. Com os cortes maiores fiz rolinhos bem compactos como estes da foto.

6. Coloquei os rolinhos na vertical, assim ocupam menos espaço e consigo visualizar tudo que tenho.

7. Os cortes menores, que não consegui enrolar, dobrei guardei em uma pilha e fechei em um saco transparente, tipo zip.

8. Feltros também enrolei e coloquei em uma caixa separada.

9. Guardei todos os tecidos em um lugar só. Não deixe as caixas com tecidos em vários lugares pela casa. 

10. Se você tem muitos tecidos pode criar um sistema de arrumação por cor, tipo, tamanho. No meu caso, não sobraram tantos então fui colocando sem seguir nenhuma ordem apenas lembrando de deixar tudo visível.

 

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Os rolinhos de tecido ficam assim. Vão ficar meio amassados sim mas você terá de passar de qualquer jeito antes de usar, certo?

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Tchan, tchan, tchan, tchan! Método aplicado, no final só sobrou esta caixa e a pilha de tecidinhos da foto de abertura deste post. #todascomemora

Minha caixa de tecidos ficam num armário de fácil acesso. A caixa transparente ajuda a identificar rapidamente o que há dentro dela. Segundo Konmari tudo deve ter o seu lugar certo e para lá deve voltar após ser usado.

Vamos ver se este método será duradouro aqui em casa – estou esperançosa que sim. Outra coisa muito importante para manter a organização é comprar mais eficientemente, somente aquilo que vai usar MESMO. Sei que para muita panólatra assumida como eu isso é bem difícil pois amamos garimpar tecidinhos novos. Mas fica o desafio de tentar fazer escolhas mais conscientes nos crafts também, porque não?

E vocês, como organizam seus tecidos? Já conheciam o médodo Mari Kondo de organização da casa? Usam algum outro método? Me contem o que já tentaram.

08 abr 16
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Lições de uma aula de cerâmica
por Claudia

Pássaro de cerâmica

No mês de março, me inscrevi para fazer um curso de cerâmica com a Miru Brugmann, uma artista plástica argentina que agora mora no Rio e faz lindos vasinhos. Eu acompanho o Instagram dela e vi que estaria em SP para dar um workshop na loja Collector 55, em Pinheiros. Rapidinho me inscrevi, garanti minha vaga e no dia marcado lá fui eu.

Esta era uma técnica que eu nunca tinha experimentado de ponta a ponta. O mais próximo que cheguei foi a massa cerâmica fria DAS (que tem para vender na Kalunga!).

Em quatro dias, ela ensinaria o básico da chamada cerâmica industrial. Introdução, modelagem, pintura e técnicas de decoração. Pela ausência de um forno para queima no local, esta etapa foi feita posteriormente.

O objetivo deste texto não é ensinar como faz, repassar a técnica ou explicar os termos técnicos. Quero contar um pouco desta primeira experiência, minhas impressões e o que eu faria de diferente em uma próxima ocasião.

1. Ideias – assim que me inscrevi, comecei a pensar em ideias do que eu faria, mas não levei muito a fundo. Fiz uns rascunhos no papel e só. Talvez porque ter achado que na primeira aula teríamos um tempo reservado para pensar em projetos. Mas foi literalmente “mão na massa”. Meu rascunho me salvou!

Ideias para o curso de cerâmica

2. Referências – minha amiga de classe levou no celular vários prints de Instagram e Pinterest de referências de formas, pinturas, formatos… Foi super útil pra mim na hora de pintar e decorar. Por ser uma técnica que eu não dominava e um curso com tempo limitado, valeu a pena dar uma olhada no que funciona nesta plataforma. Não para copiar ipsis literis, mas para abrir a cabeça e dar caminhos.

3. Utilidade – cerâmica é legal porque depois de queimada fica durável e impermeável, servindo para várias coisas. Pode ser prato, vaso, copo, pote… Eu tinha pensado em fazer vasinhos para suculentas, que ficariam para mim e outros para presentear. Mas no fim, algumas peças ficaram tão pequenas que vão servir apenas de enfeite, tipo esse passarinho da primeira foto. Valeria uma programação melhor aqui, por exemplo, um pote grande + um copo de chá + um vasinho médio para suculentas + um cachepô para pendurar, etc

4. Iguais ou diferentes – essa é uma boa pergunta que não tenho resposta. O que vale mais a pena em um curso curto: dentro de um tema único, fazer muitas peças OU fazer uma peça de cada dentro de vários temas? Eu experimentei um pouco de cada, fiz três cogumelos, dois vasos, um passarinho, um carretel… Talvez em uma próxima vez  eu faça 6 copos iguais, para treinar a modelagem, e brincar de diferenciá-los através da pintura.

Peças de cerâmica feitas à mão

5. É brincadeira – tem que relaxar, não é escola, não tem prova e nem julgamento. É uma brincadeira, leve, que não precisa ser séria. E os erros podem ser acertos! Este é um pensamento que acredito. Colocar esforço em uma peça para chegar no fim e descobrir que deu errado acontece. Mas não destrua. Olhe com outros olhos e veja se não pode virar alguma outra coisa! Eu me apego…

6. Aprender a hora de parar – a modelagem não é muito diferente do que fazíamos na escola ao brincar com argila, fazendo cinzeiros e cobrinhas. Uma bola vai sendo modelada até virar um copo. Dá para ir mexendo até afinar, encompridar, crescer. Mas qual a hora de parar? Um bom exercício de imaginação e de olhar. Na etapa da pintura mais ainda. Bolinhas? Ok. Mas quantas? E mais listras, xadrez, rabiscos. Quanto fazer e quando parar?

7. Viva o professor – apesar de ser uma descoberta e um exercício individual, o professor está lá! No caso deste curso, professora :-) Lembrar de tirar dúvidas, fazer perguntas, pedir referências e aproveitar da experiência de erros e acertos. Também dicas do caderninho de endereços: onde comprar materiais, melhores preços… E favoritos: artistas, links, youtube, etc

8. E viva as colegas também! – curso é uma experiência social, tem que aproveitar. Para aprender sozinha e em casa, tem o Youtube. Em classe, trocar ideias, trocar contatos, trocar experiências e bater muito papo!

Curso Miru Brugmann em SP, na Collector 55

Os cursos de cerâmica andam pipocando por aí. Minha teoria é que juntou a onda de faça-você-mesmo com a paixão por suculentas e o negócio explodiu.

No Facebook, Instagram e outras redes sociais o pessoal costuma anunciar eventos de curta duração para quem quer experimentar a técnica. Como aluna, eu recomendo.

Aproveitem o post e usem o espaço dos comentários para dividir dicas de cursos, professores e lojas de materiais.

 

23 mar 16
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De olho nas tendências: Minimalismo
por Andrea

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(Plantas de papel da crafter norte-americana Corrie Beth)

Estamos sempre de olho nas novidades do craft tanto aqui no Brasil como mundo afora. Atualmente não temos conseguido viajar tanto como fazíamos antigamente (bons tempos aqueles!) mas em compensação, contamos com uma boa lista de blogs, perfis, feiras e revistas para acompanhar de perto o que os crafters mais criativos andam produzindo de bacana. Ligamos o radar craft e, quando vemos um estilo ou elemento sendo repetido várias vezes, ele apita! Vem aí uma tendência que vale a pena ficar de olho! Ultimamente nosso radar tem apitado muito. Por isso resolvemos colocar nossos achados na roda e montar este especial para compartilhar tudo com vocês.

Para este primeiro post do especial escolhemos uma tendência bem marcante: o minimalismo.

O minimalismo nos crafts tem aparecido não é de hoje mas nos últimos anos. Aparece nas produções de design limpo, linhas retas, na escolha de poucas cores, nas formas geométricas e economia de elementos. Nada de adornos desnecessários, nada de enfeites, firulas e frufrus. Os tecidos são na sua maioria sólidos e aparecem em blocos de cores, sem estampas. Lembra do ditado “menos é mais”, “back to the basics”? É exatamente isso!

Mas não ache que os trabalhos minimalistas com simplórios. Geralmente os materiais são de qualidade e cuidadosamente escolhidos, os detalhes são marcantes e as cores vistosas. Um ótimo acabamento é essencial. Vamos a alguns exemplos:

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Já conhecem as cestas da crafter Australiana Gemma Patford? São feitas com cordas de algodão, primeiramente pintadas a mão e depois costuradas. Além de produzir, ela também dá oficinas onde ensina a fazer cestas e bolsas moldadas – acredite se quiser, é tudo costurado à máquina. Os materiais usados são muito simples mas o conceito e a execução causam o efeito uau. Um craft no melhor estilo, por que não pensei nisso antes?

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Outros bons exemplos são os projetos do blog Purl Bee, uma loja de materiais em NY. Eles só usam tecidos de fibra natural como linho, lã e algodão. E colocam pitadas de cores flúor aqui e acolá. Seu estilo minimalista chic sempre nos inspira muito!

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No tricô vemos também o estilo clean ganhando espaço há algum tempo. A marca britânica Wool and the Gang sempre apostou na estética básica, com seus designs monocromáticos, feitos com agulhas largas e fios grossos. A técnica do tricô circular, que permite fazer peças sem costuras aparentes, também colabora para um acabamento limpo. Um tricô normcore!

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Na decoração DIY, como não podia faltar, muita coisa vem sendo feita seguindo o espírito low cost mas com grande efeito. A artista plástica Becci Orpin é craque em usar simples formas em papel recortado para decorar ambientes. Sem dúvida minimalista, mas sem abrir mão das cores – ela adora e usa muitas! Somos fãs dela, vale conferir o livro Find and Keep.

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Não é a toa que o patchwork moderno vem ganhando muitos adeptos nos últimos anos – na foto, trabalhos feitos com tecidos da coleção Denise Schmidt. Com desenhos geométricos sólidos, muitos brancos e espaços negativos, faz um contraponto interessante ao patchwork tradicional, aquele com tons outonais e sombreados. Acho que aqui no Brasil ainda temos dificuldade em comprar algodão nacional liso de cores interessantes. Geométricos então nem e fala. Tudo bem que todo mundo adora uma estampinha fofa mas fica a dica para os fabricantes investir em cartelas de cores de tecidos lisos! Para conhecer mais sobre o patchwork moderno visite o Modern Quilt Guild. 

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E no craft brasileiro também já encontramos bons exemplos. A marca Il Casalingo segue esta linha minimalista, com criações funcionais e limpas, muito vistosas e com materiais de fibras naturais. Lembram produtos antigos, de épocas que eram feitos para durar muito! No mundo do crochê, a Le Souffle cria pingentes, lustres e cestas com texturas pra lá de interessantes.

Tendências podem ser a bola da vez e é muito útil saber identificá-las. Seguí-las ou não, você decide. Mas vale sim usar as tendências a seu favor, sem deixar nunca de ser autêntico, individual.

Esta onda (ou será um tsunami?) minimalista não aparece só nos crafts. Ela faz parte de um movimento cultural mais amplo, que está ganhando bastante espaço na sociedade. Um exemplo? Nosso lifestyle também pode ser minimalista. Aqui mesmo no Brasil já estão pipocando ações incentivando um consumo e descarte mais consciente como o Um ano sem lixo, e o  Escambo Handcraft, que propõe que os artesãos se unam para promover a troca de material de artesanato ao invés da compra. Em geral, estamos consumindo com mais responsabilidade (ou pelo menos tentando) e isso se reflete também na nossa produção, nos materiais que usamos, nos espaços que habitamos.

O que acham desta corrente minimalista? Já notaram esta tendência por aí? Ela já se refletiu nos seus crafts ou na maneira que consome materiais para o seu ateliê?